Tratar por Tu
Estou de volta. Sem projeto. Ainda bem! Tento a liberdade. Temo a liberdade. Tenho esperado por ela. Pu-la no horizonte. Como na parede dos presos, agora a contagem decresce. Vem até mim a temida, a julgadora última. Faço-te uma pega! Vem, danada! Tenho ouvido muito ruído. Os meus pares conspiram pelos poros das redes sociais. Enxurradas de ideias. A intensidade e a polaridade rasgam-me em metades de cada vez que me exponho pela leitura. Sinto-me esfarrapada. Guardo o meu conteúdo interior em bolhas. Será que resistem a tanta agressão? É tudo tão rápido...e tu? E tu?! Ainda balanceio entre sim e sopas nos dias de vento fino pelas frestas mal betumadas do eu. Trato-te agora por tu! Cada vez mais feneces. Estás tão cadavérico, mas ainda apareces. És como um verniz difícil de decapar - ou é a minha falta de habilidade?! Esforço-me sem fim. Nunca desisto de te erodir. Esfrego com afinco a tua barbaridade e pedacinho a pedacinho vais sumindo, deixando aquele lastro feio, raspado, revelador ...