Voyage

Sur le Pont Neuf, um extremo arrepio de pele! Amor de comunalidades extraordinárias e intensas de tão frugais e espásticas! Deixa-me contar-te como fomos delírio e projétil de emoção explosiva! Foi assim como vais ouvir! Fizemos aquela viagem subliminarmente num ramo ou dois das nossas conversas infinitas. Fomos corajosos impúdicos, mas nada nos impediria dessa aventura sensorial folie-à-deux! Ainda sem memória dos corpos possuídos marcámos dois quartos separados no mesmo hotel. Fizemos variadas combinações. Numa fomos escrupulosos, noutra cedemos progressivamente e no take alternativo evadimo-nos despudoradamente para o indescritível! À noite costumavas abraçar-me à janela, embevecendo o olhar na Paris de luz palpitante e estelar. Depois, ao acaso, calcorreávamos as ruas de Montmartre e Pigalle, bebiamos goles de álcool repartidos com beijos voluptuosos, dançávamos na rua, de mãos dadas, num vai-vem de concertina e cantávamos Aznavour. Declamei Paul Éluard quando a moinha nos colou a pele à roupa. Il pleut, c'est merveieux, je t'aime...e comme ça ... Et La Vie en Rose! Lembras-te?! Voit lá!
Sisudos e hirtos, já madrugada, segredámos com as mãos por recantos do outro ainda intactos; tremiam os lábios junto ao bafo quente, ao alento quente, à humidade quente que treslouca! Lá Boheme! Je taime!
Ao correr do Sena ou por quarteirões onde o frémito do desejo da cidade-luz se adensa, fizemos cinema! Amanhã vamos comer bom-bons no café Brousseau! Amanhã!  Depois da noite cansada, revista e revirada dos nossos beijos e estertores. Au lendemain de nos adieux, dans les chemins da ma vrait vie...! Qué vendrá? Si jamais j' oublie! Zaz!

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