Pensamentos ociosilly.
A noite foi dormida aos solavancos: toca o sino da igreja, grasnam as gaivotas. Afinal estás de férias!...
Chegas à praia menos cedo que o prometido ao deitar. Seja. Ainda pouca gente. Primeira banhoca. Sossego. Logo vão chegando. Rezas para que os bebés gémeos não fiquem por perto. Ficaram. Esta sustentável. Vão continuando a chegar. "
Olhem o Covid; três metros sff..." Decides deixar de seguir quem chega com olhar predador (o teu e o deles) a rastrear a areia. Contagia-te uma certa angústia decisória: põe aqui, é melhor ali, olha o creme, queres que te ponha nas costas, a maré está a subir, está a descer, está fria ou quente - tudo previsto, o maxi silly de praia serve para um debate de perspetivas opostas. Aguentas. Viras o frango... já foste à primeira banhoca, nada mal, ainda não estás satisfeita. Afinal estás quase na alheta, passam por ti às dezenas, sem máscara e sem distância. Aguentas. Pensas, como é bom estares assim, sem ter de fazer conversa idiota, nem contar ou ouvir as entranhas da vida de alguém, ou da tua, renarrando a história de que já estás careca... Ups que bom, a tua companhia sabe-te ao melhor do mundo: atinges a máxima autocumplicidade e até a plenitude. Sentes-te crescer. Que bom andar no mundo sem capas nem carrapatos! Que distanciamento social, percetivo, estás a adquirir que te permite ver com raios X. Sabes o que queres: pele fina. Queres escolher e ter para ti mesma, pele fina, gente de pele transparente. Sem carradas de personagens e virtualidades. Não te interessa ser cliente do marketing alheio. Vão passear! Queres a verdade, os órgãos - sem exposição excessiva, sem sangue e facadas, apenas a acusação de que ali há órgãos, há corpo, há gente a sério, mas de vestes veladas, subtis, sem capas, sem formas - lido como fôrmas e como fórmas - gente leve e fluida, sem se derramar, estável, sem cristalizar, e segura o suficiente para partilhar dias comuns, sem máscara... E sais da praia com este sentimento de completude.
PS - Chegas a casa e passas as ideias para o tablet. Reparas que usas muito "sem" na tua definição de gente de pele fina, mas na verdade estás sem paciência para afinar o conceito, afinal estás de férias!
Chegas à praia menos cedo que o prometido ao deitar. Seja. Ainda pouca gente. Primeira banhoca. Sossego. Logo vão chegando. Rezas para que os bebés gémeos não fiquem por perto. Ficaram. Esta sustentável. Vão continuando a chegar. "
Olhem o Covid; três metros sff..." Decides deixar de seguir quem chega com olhar predador (o teu e o deles) a rastrear a areia. Contagia-te uma certa angústia decisória: põe aqui, é melhor ali, olha o creme, queres que te ponha nas costas, a maré está a subir, está a descer, está fria ou quente - tudo previsto, o maxi silly de praia serve para um debate de perspetivas opostas. Aguentas. Viras o frango... já foste à primeira banhoca, nada mal, ainda não estás satisfeita. Afinal estás quase na alheta, passam por ti às dezenas, sem máscara e sem distância. Aguentas. Pensas, como é bom estares assim, sem ter de fazer conversa idiota, nem contar ou ouvir as entranhas da vida de alguém, ou da tua, renarrando a história de que já estás careca... Ups que bom, a tua companhia sabe-te ao melhor do mundo: atinges a máxima autocumplicidade e até a plenitude. Sentes-te crescer. Que bom andar no mundo sem capas nem carrapatos! Que distanciamento social, percetivo, estás a adquirir que te permite ver com raios X. Sabes o que queres: pele fina. Queres escolher e ter para ti mesma, pele fina, gente de pele transparente. Sem carradas de personagens e virtualidades. Não te interessa ser cliente do marketing alheio. Vão passear! Queres a verdade, os órgãos - sem exposição excessiva, sem sangue e facadas, apenas a acusação de que ali há órgãos, há corpo, há gente a sério, mas de vestes veladas, subtis, sem capas, sem formas - lido como fôrmas e como fórmas - gente leve e fluida, sem se derramar, estável, sem cristalizar, e segura o suficiente para partilhar dias comuns, sem máscara... E sais da praia com este sentimento de completude.
PS - Chegas a casa e passas as ideias para o tablet. Reparas que usas muito "sem" na tua definição de gente de pele fina, mas na verdade estás sem paciência para afinar o conceito, afinal estás de férias!