Attachment

Esta história é muito simples: um haiku de vida!

Quando eu era bebé, entre os seis meses e os três anos, vivíamos numa casa, que depois trocámos.

Era eu, a mãe e o pai e, claro, a avó de negro.

Conta-se que eu não descansava, nem deixava dormir ninguém. A minha mãe seguia um conselho da sua que era privar-me de chucha: que grande disparate! O assunto era complicado o suficiente para ter tido consultas médicas e ter sido medicada - pasme-se!

Tenho memórias quase fantasmagóricas desse tempo, que nem sei se são reais, mas lembro-me de ter uns amigos: eram três irmãos, ele com uns dez anos, elas por aí próximo, que criaram uma relação comigo! Sem me lembrar de nada em concreto, apenas sobrou um sentimento amoroso por aquela gente, e uns flashes dos seus rostos.

Quando eu tinha a idade com eles me entretinham, precisámos de um serviço do pai deles e então as famílias visitaram-se.

Não imaginam o encantamento que foi rever aqueles três anjos. Elas morenas, ele ruivo. Lembrava-me da expressão dos seus olhos, que sorriam emoldurados por pestanas vermelho desbotado. Apaixonei-me de novo pelo arco do corpo do rapaz que me abraçava - como se viesse de uma viagem e as saudades matassem -, das calças jardineiras, das caras sorridentes e saudosas das irmãs. Em suma: amávamo-nos!

Ainda hoje, só de lembrar estas três figuras de attachment infantil, sinto um amor raiz!  Que pena ter-lhes perdido o rasto, ao Nonô e às irmãs.

Como pôde isto ter acontecido?!

Que força instintiva esteve presente, para além da beleza humana das criaturas?! Ou houve um tempo e mundo anteriores onde nos conhecemos?... De qualquer modo, eles foram uma base da minha resiliência face ao desamparo e à solidão pela vida fora!

E agora, sem psicologia, ou pensamento New Age, a importância que têm os pequenos gestos de afeto, sobretudo se continuados e consistentes! Vale para humanos, animais e para relações mistas! Certo?!

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