A Naide

A Naide poderia ter sido a primeira pessoa sobre quem eu escreveria nestas memórias do Painho, mas não me queria desmanchar em emoções, já que lhe tenho uma enorme gratidão, pelo apoio atual que dá ao meu sobrinho no Jardim de Infância e pela boa companhia na adolescência. 

Eu já não sei quando, mas foi uma das primeiras miúdas com quem me dei na aldeia e não fora minha colega de escola. Não sei se a Naide tem mais um ano que eu, mas creio que a conhecia por ser familiar de vizinhos da minha avó.

Seja como for, a relação com a Naide - que tem este nome tão bonito como ela própria, sinais da ordem superior da beleza das coisas - é portanto sem tropelias, que eu me lembre!

Ela andava por lá, pela minha vida ou eu pela dela! Mas a sua marca era calma e doce! Como Deus criou assim uma criatura que nunca vi zangada - zangada a sério?! Sempre assertiva. De modos gentis, há pouco a dizer sobre travessuras. A Naide, conheci-a desde o tempo do irmão mais novo, que faleceu. Ainda me lembro de uma sensação infeliz. Éramos tão pequenas que a memória me nega um texto com nexo e tenho flashes indizíveis.

Quando mais velhas, já adolescentes, usufruíamos da sua sala de encontros de amigos, onde éramos recebidos com simpatia e apaziguávamos a alma - era um ponto de encontro zen! A sua tranquilidade contemplativa e a criatividade dominavam o ar que respirávamos naquele seu espaço. 

A Naide queria ser arquiteta, mas a vida arquitetou outro plano para ela! Hoje, tem em mãos muitos projetos de vida infantis, ainda em esboço, e por isso mesmo, tão importantes. Um deles, que me diz muito, o pequeno Rafael, com os meus genes: tímido, criativo, amante de tecnologias, cantarolador e de ideias fixas - também eu sou assim (sabias Naide?!) com sensibilidade excessiva à luz, ao som, atenção presa a mecanismos repetitivos, cansaço por excesso de estímulos e envolvimento apaixonado por certos assuntos. 

Ah! e o Rafa foi um cuidador de passarinhos durante a pandemia, de acordo com a foto que a Naide lhe fez no infantário. 

Isto de mim com a Naide é num caso sério de enredo de vida!

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