Mila

Eu convivia pouco com a Mila. Ela e o João Garcia, hoje conhecido himalaísta, passavam por mim na birisga, montados nas suas bicicletas, que já lhes faziam parte do corpo. Bem! Na velocidade possível, pois lembro a Mila corcovada em esforço nas subidas com a sua pasteleira.

Os dois ciclistas tinham comportamentos comuns: aliviavam o traseiro do selim, parando aqui e acolá para dar um olá e trocar dois dedos de conversa, mas ficavam-se pelos anéis, de tão apressados que andavam!

O Garcia, não sei porque o fazia, parecia-me simplesmente irrequieto, mas a Mila era porque trabalhava para o seu pai. Lembro-me dela em pose militar, pernas abertas, cabeça erguida, a vigiar a rega da horta; emanava uma força e coragem extraordinárias! 

Era uma força viva! Regava, sachava, transportava. Não me lembro de falarmos de escola! Eu achava-a mais velha e nem me metia com ela, sempre tão de passagem - nem tinha assunto! Parecia um vento que passava por mim! Mais tarde, começámos a conversar um pouco, mas éramos suficientemente estrangeiras uma para a outra!

Como disse, pouco a conheci. Mas era uma pessoa distinta. Não a imagino a brincar com bonecas! Eu deveria parecer-lhe uma mariquinhas. E com razão!

A minha Marmila, era como o pai Manel Amaro lhe chamava!

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