No quarto do Jorge - Confissões

O que íamos fazer para o quarto do Jorge, era a questão mais profunda e enigmática que ecoava dentro e fora de portas do Painho.

O que seria?!

Eu vou contar o que vi, e andei por lá muitas vezes!

Ora bem, o quarto do Jorge era o centro cultural da juventude e também o centro confessional!

Era um espaço de privacidade e alegria, onde com o maior respeito, rapazes, raparigas e alguns mais velhos, vinham conversar, ouvir música, saber de livros, material de pintura ou ver a decoração do quarto, que variava! Filosofava-se sobre a existência e sabia-se  das novidades que interessavam à juventude: novas discotecas, boatos sombrios, excentricidades, livros e discos, enfim! Apreciava-se alguma obra do Jorge: poema, canção, ou reciclagem! E era isso malta velha malidicente! Era um local espetacular de uns seis metros quadrados, onde cabia um mundo, que ia rodando pelo quintal à vez, e à medida que cada um se libertava do jugo da idade menor, se estendia até ao Canadá, à Suíça, a Lisboa e a outras topografias, da imaginação e da autorrealização.

Um local de crescimento! Pena que o fogo o tenha imolado! Hoje, seria um local de culto de muitos que estão ainda melhores, como o vinho do Porto!

O quarto do Jorge era o Jorge doando-se em talento e humanidade! O Jorge Romão.

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