A Partida
Quando ele partiu deixou um vão que se encheu imediatamente de saudade, sugada como água para um buraco na areia... E na beira-mar, ela esperou paciente até a conformação, ou a areia, aplanarem o desnível, pois se até um castelo, ali se deforma. Ficou sentada perto da linha de corte das ondas mais atrevidas com espuma em filigrana, às vezes já suja, e não se importou de estar meia molhada e ser já tarde para secar. Perdeu-se a ver os padrões das ondas a teimar contra o areal. O que querem?! Furá-lo, levá-lo a ceder, só porque sim?! e depois continuarem mais além a mesma tarefa?! Às vezes acalmam e parecem estar em segredos umas com as outras, até que alguma voz se eleve e cresça em força para atacar a areia mais longe ou chegar a Ela na beira menos tangível, ainda assim alcançável?! Outras vezes ergue-se numa zanga tremenda que tudo quer rebentar! Explode em fúria, asperge uma área imensa... Mas não importa! O buraco que ele deixou na areia dela custa-lhe tanto em dor, apesar do seu tamanho e duração insignificantes no mar grande da vida de ambos!