Histórias para a Mariana
Sabes, Mariana?! aquela língua comprida que alguns homens têm ao pescoço? Às vezes é de seda, outras de imitação dela. Nunca pensaste porque a têm?
Ah e nunca é apertada diretamente ao pescoço, precisa de um colarinho. Vê comigo: são umas asas pequeninas e a comprida e afiada língua.
É bom de ver! Eles conseguiriam voar, embora voos curtos, com aquele tamanho de asas. Como as galinhas. Talvez. E, com as duas patinhas traseiras ou fazem um V para as fotografias de corpo inteiro, ou então enfiam-nas geminadas por baixo de uma secretária de algum poder ou muito poder, de onde emanam ordens. E nas reuniões sem mesa, cruzam-nas apontando uma ponta estilizada e por vezes brilhante ao interlocutor, oscilante como uma cauda. Ah e Mariana, a língua é porque é isto que eles fazem: usam o verbo muito, muito, na palavra dita ou nas cartas, memorandos ou ordens. Sempre a palavra. É porque voam rasteiro e metem palavras a escorregar como a seda, mas a penetrarem além do seu próprio corpo, o espaço de outros ou de todos, supostamente... E com as patinhas da frente ? já reparaste, Mariana? traçam os voos amplos e endemoninhados que gostariam de fazer, mas não podem - quiçá até uma dança ritual, para nos enternecer...ou nadar, nadar fugindo dali para uma praia bonita onde possam andar descalços, com pouca roupa e tomar cocktails tropicais por palhinha roubada do chapéu!
Ah e nunca é apertada diretamente ao pescoço, precisa de um colarinho. Vê comigo: são umas asas pequeninas e a comprida e afiada língua.
É bom de ver! Eles conseguiriam voar, embora voos curtos, com aquele tamanho de asas. Como as galinhas. Talvez. E, com as duas patinhas traseiras ou fazem um V para as fotografias de corpo inteiro, ou então enfiam-nas geminadas por baixo de uma secretária de algum poder ou muito poder, de onde emanam ordens. E nas reuniões sem mesa, cruzam-nas apontando uma ponta estilizada e por vezes brilhante ao interlocutor, oscilante como uma cauda. Ah e Mariana, a língua é porque é isto que eles fazem: usam o verbo muito, muito, na palavra dita ou nas cartas, memorandos ou ordens. Sempre a palavra. É porque voam rasteiro e metem palavras a escorregar como a seda, mas a penetrarem além do seu próprio corpo, o espaço de outros ou de todos, supostamente... E com as patinhas da frente ? já reparaste, Mariana? traçam os voos amplos e endemoninhados que gostariam de fazer, mas não podem - quiçá até uma dança ritual, para nos enternecer...ou nadar, nadar fugindo dali para uma praia bonita onde possam andar descalços, com pouca roupa e tomar cocktails tropicais por palhinha roubada do chapéu!