Os Animais e Nós .

Os animais são idolatrados pelo ser humano! As redes sociais estão cheias de provas de que os animais domésticos ou selvagens são ternurentos e fiéis, esqueceram a predação... E também os apreciamos no prato! Os programas e livros infantis têm predominantemente personagens animais.Num teste psicológico de personalidade, dito projetivo, o pêlo animal relaciona-se com a afetividade, e ver animais nas manchas é muito comum.

Mas a relação com os nossos pequenos domésticos, com o seu número a aumentar exponencialmente, o cão e o gato, também é sinónima de solidão, desilusão com outros humanos e, para além de colocar questões de sustentabilidade ambiental, esconde a faceta de posse sobre o Outro. Os domésticos são, de certo modo, os nossos escravos do afeto. Não?!

E, os animais são sencientes, seja um gato ou um porquinho bebé - o leitãozinho da Bairrada, ou de outras receitas -, a perninha, o lombinho...tudo de animais, a maioria das vezes com a vida mais miserável do planeta: nascem em cativeiro, de inseminação artificial, não convivem com a mãe e vivem trancados em minúsculos cubículos, onde são agredidos quimicamente! Que grande maldade! Que grande maldade assobiada para o lado!

E são tão fofos em vídeos fofos. Fofos. Fofos, os desgraçados que nos acompanham há milénios, desde que nos tornámos agricultores, soberbos, produtivos, cada vez mais tecnológicos, mais donos, mais guerreiros, mais hierárquicos, mais torturadores...Torturadores de nós próprios, do outro humano, do outro animal, do outro natureza em geral!

E depois, os desenhos animados com animais quase humanos, e em nossa casa os pequenos domésticos cada vez mais humanizados, e nós tão sós e angustiados, a fazer trapaça, com likes, com teorias da felicidade, e muitas outras criatividades. Somos cegos! Cegos?!

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