Rethinking love .
O amor entre adultos não é apenas uma questão íntima. Tem consequências na motivação, no ânimo para a vida, na estabilidade emocional, na organização da vida familiar, na vida dos filhos, se dependentes, na saúde mental e na vida social, no trabalho, enfim! Por isso, admira ser tão pudicamente negligenciado nas ciências e serviços sociais.
Os adultos precisam refletir e, possivelmente atualizar, o que pensam sobre o amor, as relações íntimas e as sociais delas derivadas.
Os sites de encontros existem! As redes sociais comuns também são aproveitadas para promover encontros! O comportamento das pessoas está a mudar! Há que estudar o assunto e agir em conformidade!
Há pessoas que parecem acreditar: é agora o grande amor, o ideal!
Tenho observado algumas parelhas de novos amores. Constato que habitualmente há um elemento que divulga proficuamente e o outro cala. Começa logo ali o equívoco. Um assume perante o seu mundo, pais, filhos, alunos, clientes, colegas de trabalho...e o outro mantém o silêncio perante outras relações, desde as já referidas, aos outros amores falhos, aventuras, umas já resolvidas outras ainda penduradas. Tudo com o suporte das redes sociais!
Relações rápidas, com totais desconhecidos, assentes na imagem e vivência dos corpos e em mitos pessoais ou culturais. Relações às vezes mais conseguidas nas selvies do que na vida real. Muita mentira e disfarce! Daqui a um tempo verá que afinal ele ou ela não é tão-tão assim, apenas acredita sê-lo, ou foi puro marketing. Foi bom, ou se arrepende - não quer mais, ou um ou outro! E vira o disco... Pessoas com meio século de existência, experiência de vida, a darem estas cabeçadas. Mas não conhecem o Amor Líquido?
Outras, mais tradicionais, caem como dominós e estes casos são mais graves, pois envolvem casamento. Eles portugueses, elas brasileiras - é muito comum! Aparecem nos gabinetes de terapia e de psicologia tantos casos, ou dos filhos da mulher repentinamente abandonada, ou da mulher brasileira, que afinal se queixa da relação por ser só física - o outro está emocionalmente ausente - e ela é tratada pela sua função contratual, a simbólica, aquela a que se prestou: eu sou sua! Eu vou fazer você feliz! Eu ti amo! Eu te vou sempre seduzir! Sou eu quem vai se moldar a você! Por uma situação sexual, social ou financeira melhor...vendem-se reciprocamente. Elas depois querem também ser gente e estão dependentes. E os filhos, de pai que não os quer, apenas os tolera como presentes para a mulher, que os desejara sozinha, e ainda a repetição do golpe de barriga... Ou os homens que ficam em exaustão financeira e fazem mudanças radicais de vida e depois acaba a relação, já com eles esfrangalhados! É um problema de choque civilizacional! Há demasiada gente a sofrer! Uns adultos outros não!
E, quantas vezes, há um elefante na sala destes amores idealizados. A incoerência, o fingimento. Claro que no cansaço do dias, os likes vão esmorecendo e a realidade dá-se a acreditar! Alguém sai magoado! E volta ao mesmo - às vezes dá-se um tempo para...voltar ao mesmo!
E aqueles que se amavam tanto que já procuravam casa numa cidade distante para um deles, mas de repente, um foi ao concerto acompanhado e pumba, tudo mudou!
Mas há algumas relações que ainda duram, fizeram pouco alarido, existia previamente algum conhecimento, conheceram-se no mundo real...e algumas até foi no virtual!
Seria importante as ciências sociais debruçarem-se sobre este problema de amores idealizados e inconstantes! E claro, voltar a abordar-se a manutenção e quotidiano das relações de casal, que não é apenas, mais uma vez, uma questão íntima, para tratar em terapia de casal por quem for endinheirado.