A Impotência

Eu sou a impotência do homem e trago algumas histórias. A primeira é a do Zé João. Eu fui chegando devagarinho, a ponto de ele selecionar uma gama de mulheres, preterindo outras. Não vou dizer mais nada sobre este assunto particular para não ferir susceptibilidades, mas reduziu as hipóteses a duas pequenas, por minha causa. Ainda hesitou um pouco por outra, pela mesma idade do Zé João, mas de um estilo já tão conhecido! Quantas mulheres assim namorara ou tinham vivido com ele?! Decidiu-se, por fim, por uma das duas. Mais nova do que ele, aderiu à experiência, de vivência em casal, como ele gostava. A moça tentou alguns negócios, como adquirir uma nova casa paga por ele, só que o Zé já tinha más experiências e não era parvo, apesar de embeiçado, e dela parecer dar conta do recado - de mim, diga-se! Era uma simulação quase perfeita, até que ela precisou duns trocos para umas obras de monta lá na sua terra e ele contribuiu, porque a tarefa se dificultara após um AVC do Zé. Mas depois houve tantos problemas que ela, coitada, dizia ele, partiu e não lhe pôde pagar a dívida. E não se fala mais do óbvio. Mas eu continuei a trabalhar, até ele, o Zé João ficar em grandes dificuldades, diria mesmo que com uma total impossibilidade de consumação. Então ele pensou na mulher que tinha deixado de parte e era boazinha e alimentou o desejo, mas ela, por ele posta ao corrente, e conhecendo o seu mau feitio, não quis experimentar, deixando-me sem ter que fazer! E o Zé ficou possesso!

Que pretendia a Zé?! Vamos avançar para outras histórias para compreender!

O Nando era um doce, com boa conversa, era-lhe facílimo seduzir lindíssimas mulheres. Romântico, esperava algum tempo, depois surgia o convite para se conhecerem melhor...e eu sentia-me sempre convocada! E pronto, depois da minha certeira atuação, lá lhe confessava a ela, que tentara esperando que daquela vez desse! «Mas não Nando, já fizeste todo o tipo de terapia! Há dez anos que eu ganho! Tudo falhou! Como, ver se dá?!». As garotas, aborrecidas, sentiram-se envolvidas numa aura de culpabilidade: não tinham sido suficientemente capazes! «Ora! Nando!» E ele prosseguia, frustrado, já fizera psicoterapia, tratamento médico e tudo. Mas nada, eu sempre lá a atrapalhar! E ele com perfis duplos, triplos no site de encontros, para não perder tempo e oportunidades! «Estarei sempre contigo, Nando, digo-te eu, a tua impotência!» Aonde vai o Nando parar? Sabem?! Um dia ele manteve uma relação com uma autêntica sereia por alguns meses. O truque foi dizer que eu tinha surgido com o desemprego e a preocupação decorrente! Mas depois foi revelando aos poucos a verdade e ela, zangada, foi embora! «Nando, a tua demanda ajuda a compreender a história de outros homens que acompanho!»

O Paulo, de quem sou íntima há longa data, mas devagarinho, nem queria pensar no assunto. Nas férias em que foi de lua de mel com a namorada, fingiu-se amuado, para que ela não me visse - não viu! mas ficou muito confusa! E depois seguiram relacionando-se anos a fio sem que eu me pudesse mostrar, pois não havia nada entre eles, em que me interessasse intrometer! Até que acabou a relação, certamente por minha causa. Desta vez atuei subtil! O Paulo envergonhado, não apresentou o problema ao seu médico e fiquei solta e livre, atuando nos bastidores.

O Tito era tão jovem que até me fez dó, mas era a minha função... primeiro encomendava na web umas pastilhas, até que me apresentei de diabinho oposto - não o deixava descansar - e ele assustou-se e nunca mais! De vez em quando ainda tentava, sem rede, mas não! não dava! Até que se conformou e me ofereceu a reforma! «Ó Tito, podias ao menos tentar ir ao médico, homem! Desistir tão cedo até me faz dó. Desculpa lá, mas é o que eu sou, em ação, não o faço por mal!»

E isto é como pode acabar a história!

Já o Carlos faz de mim o centro da sua vida afetiva. Procura-me. Explica-me previamente na relação, é transparente! Mas depois começa a debitar as condições e crenças. Uma exaustão delas! E eu sempre a confundir-lhe a mente: é melhor de pé, é com comprimido, mas não é, é mais ou menos...e até acredita que teve fins de semana incríveis de atos contínuos, quando o que aconteceu foi um desespero de tentativas. E eu sempre na mó de cima com ele! Também me incomoda, mas que posso fazer?! Insiste! Insiste! É disto, é daquilo, melhora assim, piora assado! Quanto disparate! «Sou eu. Sou física, no teu caso! Para de te torturar! Ó Carlos, já te vi perder o amor, tão distraído que estás com a performance! No teu corpo e no da mulher! Para! Vive em pleno! Entrega-te ao amor com calma e serenidade! Não vale a pena lutares contra mim! Tenho o jogo ganho! Não vês?! Mas como te dói tanto e te confunde, que esperas para fazer psicoterapia?!»

E foram estas as histórias. Eu sei que pareço uma traste, mas só cumpro o meu destino! Já vós, tendes alternativas que desperdiçais. Ide ao médico, ide ao psicólogo, a sexologistas a psicoterapeutas, a outros especialistas, mas se não der...

Releiam o Principezinho, está lá a solução!

Mensagens populares deste blogue

Madressilva

O Belo

Fragmentos