Da Profissão - espíritos.
Quando a psicóloga conversou com o rapaz lingrinhas sensibilizando-o para não fazer bullying com um colega obeso, ele, empertigado perguntou-lhe retoricamente: sabe se eu não tenho também problemas, até maiores do que esses?! e rematou " mesmo que tivesse, nunca lhos contaria!" e a psicóloga, confiante concordou, que falariam doutras coisas, não daqueles problemas! E depois em sessões seguintes falaram cada vez mais dos problemas de que não se podia falar, assim disfarçadamente, até que o rapaz assumiu e contou pormenorizadamente o que se passava com ele: falta de dinheiro, violência doméstica e o que considerava ser, a notícia falsa da morte do pai, na qual não acreditava!
E a mãe foi chamada e contou uma história que só importa nesta parte: punha a mesa, sentavam-se e ela dizia "agora façam de conta que já comeram" e levantavam-se! Mas o rapaz não estava incluído. Houvesse ou não comida ele estava proibido pelo padrasto de se sentar com ele à mesa, pelo que a mãe lhe levava a comida ao quarto, onde se devia manter. De resto, a mãe contou histórias falsas; o rapaz instalou-se no chão, à porta do gabinete, ouviu-a e depois explodiu a chamar-lhe mentirosa. Entrou, sentou-se e conversaram agora os três sobre a verdade e a verdade era dura como pão seco e de arrepiar. O rapaz era batido pelo padrasto alcoólatra e ameaçado de ir pela janela do 10 andar, porque não conseguira arranjar vinho para o homem! Coisas assim! A mãe, que era da área da saúde, fazia os tratamentos em casa! E o pai era afinal incestuoso e poderoso mestre de um clã espiritualista, onde a mulher, o padrasto, a mãe dele, a patroa da mulher, a irmã e amante do mestre, estavam incluídos. Havia dúvidas se o rapaz não era irmão do padrasto!... E a história era tão escabrosa que foi envolvida a CPCJ e posteriormente o Tribunal e foi daí que veio uma carta dirigida ao padrasto, que a mulher intercetou e foi entregue à psicóloga pelo rapaz, em que estava o contacto dela e todas as informações que dera sobre a evolução da situação à técnica da CPCJ, que, sem a sua autorização, tomara apontamentos que juntara ao processo. E o acusado era agressivo!
Passado um ano, a técnica de apoio ao Tribunal com a qual a psicóloga tinha trabalhado, informou que o rapaz tinha razão, o pai estava vivo, em Portugal e que se receava que quisesse contactá-lo e voltar a exercer influência sobre ele, já que era um manipulador profissional.
Mas o rapaz já tinha mudado para outra escola!
A história nunca saiu daquelas paredes, da ombreira da porta, tal como a memória da figura lingrinhas do rapaz a deixar um espaço para a passagem do "espírito" em lugares mais estreitos, procedimento de que nunca se esquecia!