Horizonte Sensual

Da chaise longue mira o horizonte rente ao nariz e à unha do pé pintada em vermelho carmim e vê estender-se a coluna de bruma azul a fundir céu e mar. Maria declina a cabeça, ainda ensonada, para o peito iluminado de bronzeador e sol da manhã. No horizonte, agora, um ponto e vírgula navega tão longe ao lado do copo de sumo de fruta silvestre. Aparecem aromas florais e um pontilhar sonoro de pássaros que se juntam ao langor das sombras estiradas na relva húmida - uma língua comprida a moldar-se ao relevo dos arbustos -, e é nesse preciso momento que acorda nas mãos dele, delicadamente convocando os tendões e músculos do pescoço para a combustão lenta da líbido. Permanece assim, longamente, enquanto a consciência dela parte em devaneio e os lábios provam o sal da maresia e uma brisa leve escorre pelas feições e deleita-se no véu-vestido a acariciar as ondas do corpo. Como as flores de longas pétalas e a protuberância dos estames, anuncia-se o ato fatal de misturar temperos férteis...Ah se fora verdade!

Mensagens populares deste blogue

Madressilva

O Belo

Fragmentos