Os líderes e as soft skills - as crianças e a educação socioemocional

Os líderes das multinacionais treinados em soft skills, dito de outro modo: comunicação, empatia, competências socioemocionais em geral; que mandam fazer cartazes anti assédio moral para pôr na sala dos funcionários, rente ao frigorífico e ao vending, são premiados com prostitutas de luxo nos quartos dos seus hotéis, após as conferências plenas de gráficos e honrarias corporativas cheias de "nós" e de "alcançámos", e metas e objetivos e estratégias, uma verdadeira guerra -, recebem prémios de guerreiros, badges, pontos, mulheres servis, e outras curiosidades mórbidas, que omito.... E, na sua vida pessoal, frequentam festas de rissol e exibição de carros caros, companhia de estatuto ou bela, ou convidam a de engate para um dia na praia, desnuda, e permitem à eleita fazer selfies junto ao seu automóvel, para a inveja das amigas da rede social e alguma autopromoção do negócio! São incidentes críticos, dirão, situações de exceção - pode ser! -, mas o enviesamento segue esta tendência: excesso de poder, falho em valores humanistas, instrumentalização do conhecimento sobre o ser humano para fins desumanos!
Os líderes sabem muito bem fazer-se entender, fazer-se sentir necessários, são autênticos psicoterapeutas no falar, rijos que nem psicopatas, não dão trégua a competentes que não corram para o seu rio de prestígio e números-meta; nada pode ser desenvolvido que não seja por si ou por delegação sua!... Os líderes sabem muito de relações humanas no trabalho, comunicam com eficácia, garantem provas da necessidade de se manterem no poleiro, montam um sistema de egocentrismo, bajulação e esgotamento de todos os outros que gerem! Um dia irá desvendar-se a sua inutilidade, mas por ora desfrutam do mito da liderança, da organização militar, das competências socioemocionais... Não tarda vai-se começar mais cedo ainda em criança, a educação para o status quo, mas desta vez para distinguir cedo e formatar com eficácia líderes e servos.  O paradigma escolar está desatualizado: é preciso educar os mandados para controlarem a frustração de sê-lo, para serem dóceis, é necessário programar todos para a autoexploração (Psicopolítica), para a autoinstrução da felicidade (Fahrenheit 451) , e é necessário formar os futuros líderes e liderzinhos para controlar os excedidos que ainda possam fugir à regra... Uma coisa é certa: isto não é psicologia, nem qualquer ciência. É formatação! Não é o que, liberais, entendíamos por educação libertadora. Acordai! Olhó paradigma! Pensáveis que se iam criar seres ideais, civilizados, cidadãos?! Claro que vão, mas para os ideais de quem?! Da globalização, claro!  A educação dos adultos em soft skills, geralmente dos líderes, como se iniciou o texto, com o maior investimento, o das multinacionais, só mostra a instrumentalização da psicologia e o bypass dos valores humanistas, o que nos deve fazer desconfiar, no mínimo, do seu alastramento à educação das crianças e jovens! Está o mundo do trabalho mais humano ou antes pelo contrário?!

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