Um Homem Livre

Raposinho, assim chamado por causa dos olhos pequeninos cheios de esperteza, menino do mar, nascido no Brasil, pioneiro de surf, não parou toda a vida, de décadas, a fazer desporto e a viajar o mais que pôde, de bicicleta e, quando não pôde, fê-lo de avião. 

O curso de educação física possibilita-lhe, de quando em vez, ser professor ou monitor, mas faz qualquer outra coisa, por pouco tempo, que lhe permita movimento, alimentação saudável, vegan não radical, conhecer pessoas, fazer amizades e sobrevivência minimalista. E viajar. Viajar é fundamental. Em novo, fez périplo de dança jazz pela Europa. Instalou-se em Portugal quando o Mundo se afundou em crise financeira, depois voltou a cirandar, por onde pôde. 

A Internet roubou-lhe a exposição a novos pensamentos e a idade, já pouco juvenil, ajuda a firmar em cimento, ideias que deveriam saber-se em construção. Cansado das derivas políticas e da corrupção no seu país, escolheu a oposição, que depois ganhou a presidência, e é com olhar acrítico que no WhatsApp engrupa na circularidade de pensamento, e as coisas mundanas são enfrentadas com rigidez, onde também se fincou em alguns conceitos, primeiro entre o kardecismo e o Novo Pensamento, e depois uma deriva new age e acientífica. 

Curiosamente para um conservador, quem o conheceu casado, afirma que a sua esposa era trans, mas não há prova. E ele tem amigas de corpos fantásticos, antigas frequentadoras da Hipopótamo. Desatar-lhe a língua com um bom vinho, permite abrir um pouco o véu de uma vida afetiva com poucas regras e muitas infidelidades. Mas duram pouco esses momentos de abertura íntima e retorna ao senhor bem-posto do costume.

Tirando uns regressos de que não abdica, a sua casa é o Mundo, repleto de amigos antigos, atuais e futuros, em particular belíssimas mulheres de corpo e ou de espírito, gente feliz e saudável, corajosa, sensível e com rodos de dignidade e, porque não dizê-lo, com muito apetite sexual. É a sua marca: desporto, sexo, comportamento saudável, espiritualidade e amizade!

Muito haveria a aprender com ele sobre adaptabilidade bem sucedida à globalização, mas a sua situação profissional sempre foi frágil e beneficiou de sorte e saúde. Sem elas, nem se quer saber como acabaria. Talvez pedindo ajuda à família, vivendo da segurança social de quem não tem nada e fez raros descontos profissionais pelo Mundo. O Estado Social, que não ajudou a construir politicamente nem com o contributo do seu trabalho, é com o que conta. A solidária Europa! Tempos de transição e ambiguidade!

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