A Caliça.

Hoje estava tão feliz com o mundo ao contrário a partir da minha cama de relva fresca, à sombra dos aciprestes de um certo convento, que comecei a ver com olhos de criança curiosa e sem seleção as coisas à minha volta. Uma delas trouxe um baque de saudade. Foi a caliça da parede. 

Antigamente era muito comum a tinta das paredes desfazer-se assim, em retalhos como os países no mapa. As composições eram tão sugestivas como as nuvens! Faziam uma decoração de bonecos ou outras fantasias - num conjunto tão projetivo como nas manchas de Rorschach -, os desejos, as preocupações, as necessidades... E reverberava em nós. Eram desenhos cúmplices e íntimos. A caliça! Que saudades dos mundos imperfeitos. Que vontade de descobrir os que sobraram! 

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