Amizades Espontâneas.
Duas garotas à beira da lagoa de Óbidos. Ela, que talvez se chamasse Maria da Vitória, estava alojada com a família no INATEL e eu domingava com a minha.
Encantámo-nos de tal maneira com a conversa e a brincadeira que trocámos promessas de um reencontro, que não aconteceu, porque não tínhamos autonomia. Não dúvido que poderia ser uma enorme amizade!
Lembro-me do sentimento daquela tarde, dos momentos que se eternizaram em mim, até que perca o tino ou o sopro da vida; nela, não sei! Como é possível esta marca tão funda, tão bela?!
Muitos anos mais tarde, já adulta e formada, fui a um encontro profissional. Fiz um contacto com uma colega, tão entusiástico, que fomos para o café fazer conversa boa e depois ainda repetimos noutro dia e partilhámos materiais. Naturalmente, perdemos o contacto, mas é com encanto que me lembro do sucedido.
E assim aconteceu mais algumas vezes na vida, diálogos encantatórios, recíprocos, que ficaram na memória em engramas de prazer e fé na humanidade.
O último que me aconteceu, já foi virtual a maior parte do tempo, também por questões logísticas, um falar de tudo um pouco, sugestões de leituras, exploração de ideias, conversas a desaguar em deltas improváveis. Mas, sinal dos tempos, o outro lado fez-se de ghoast, sem explicações.
Tempos tristes os de agora! Que saudades daquelas oportunidades que surgiam do nada e deixavam um rastro tão feliz!