Histórias da profissão - psicanálise vs psicolinguística.

No segundo ano deveríamos optar pela cadeira de Psicanálise ou pela de Psicolinguística. A maioria dos alunos escolheu a primeira. Sei que fui assistir a uma aula de um professor de Psicanálise, muito corado, que ria e dizia coisas estranhíssimas. Era uma aula teatral. Ou seria circense?! Eu era uma miúda séria na altura e virei-me para a Psicolinguística. O professor era competente e muito educado. O grupo de alunos muito pequeno: reuniamo-nos à volta de uma mesa no laboratório de psicologia. O professor discorria. Havia muita informação técnica, física sobre o som. Ficávamos ensonados naquelas três horas. À minha frente, o Pedro Ayres de Magalhães dos Madredeus, talvez também o Paulo Landeiro e mais três ou quatro colegas de quem não me lembro. Todos em grande esforço de não deixar mal o professor. A matéria era interessante, mas ... Foi útil, alguma dela, a restante perdeu-se na memória. Era uma cadeira pesadota, entre o fim da tarde e a noite, a fome a apertar para o jantar....No anfiteatro de psicologia era uma risota com a cadeira de Psicanálise. Eu, embirrei de tal forma com o tema, que só muitos anos mais tarde lhe dediquei alguma atenção e, para chatear, fui a seguir ler sobre Jung e lá fiquei a rezingar com Freud de novo! Ainda hoje penso que me ficou por ponto fraco.

Curiosamente, foi o ano passado que li Mal-Estar na Civilização e, claro, fiquei rendida! O que não suporto mesmo é o Complexo de Édipo e a líbido para cá e para lá. A Faculdade tinha uma linha muito forte Cognitiva-Comportamental, que me influenciou. Há um tempo, ao ler Psiquiatras, uma História por Contar, também revi alguns motivos para a minha desconfiança, ligados ao poder nas instituições. Por exemplo, segundo o autor, a linha psicanalítica queria manter a homossexualidade como doença mental no DSM e tiveram de negociar com ela para alterar esse diagnóstico. Ainda assim, sinto-me sempre um pouco em perda!

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