Jacuzzi e cobiça.
Finalmente M. conseguia entrar na água borbulhante, após uma espera vígil disfarçada no "fazer piscinas". Estava ainda a instalar-se no modo relaxado e preguiçoso, quando duas mulheres começaram a rondar o local com o intento provável de saberem as regras de entrada e permanência na fervura aquosa, ao mesmo tempo que mostravam vontade de participar; mas ela acabara de entrar. Uma perguntou se podiam juntar-se, ignorando a Covid e suas regras expressas no cartaz junto ao chão e ao jacuzzi. Perdão?! Lá foram instalar-se nas cadeiras longas da piscina, depois voltaram e deixaram as toalhas penduradas numa suposta marcação de lugar. Uma delas, a que sempre tomava a iniciativa dos contactos, rondava a grande banheira que nem uma varejeira, aos círculos. Depois, não se conteve e perguntou se a banhoca estava quase a terminar. E estava. Segui-se a sauna com vista para o banho borbulhante das duas damas, vigiado por um homem que se instalou numa das camas de repouso, contíguas ao jacuzzi. E tocam as duas de exibir o namoro, sendo que a iniciativa continuava do mesmo lado. Da outra, o olhar convexo, a resposta aos beijos e as mãos como garras imóveis nas costas da amante - tal um pequeno mamífero, um ratinho, ou parecido. Foi quando se identificou como mirone involuntária de um trio, que M. saiu da bancada de ar quente e seco e se foi dali para a piscina, mergulhar e refrescar. O homem permaneceu - estaria prolongando as vistas com imaginação lúbrica?! Que sofreguidão! Mais tarde, repousaram em três espreguiçadeiras contíguas e M. lembrou-se da expressão "Pau de Cabeleira". Podia imaginar meia-dúzia de histórias, mas não naquele dia de relax.