A Esperta Expert
Ela era jovial, brasileira, longos cabelos negros com extensões, olhos mel, formato indígena de face e corpo normal, um pouco baixa, mas grácil. Tinha agenda!
Ele era um pouco mais velho que ela, uns sete anos, casado, criador de uma empresa que ia de vento em poupa, internacionalizando-se. Ela engravidou. Ele não queria que vingasse, mas ela fez um plano.
Ele era muito jovem, uns vinte e poucos anos, e foi fácil de seduzir. Um mês depois ela informou-o de que engravidara. Mostrou a maior vontade de constituir família com ele e envolveu-o num projeto de vida em comum. Tinha uma filha já de 8 anos!, disse-lhe.
Prepararam a apresentação aos pais, até porque o rapaz vivia com eles e era nessa grande casa que se iriam ajeitar: bem localizada, uma grande vivenda com mata e piscina; tinha-se iniciado na empresa do pai, após o curso de gestão. Estava combinado!
A mulher marcou encontro com o homem mais velho e pôs as suas condições. Após protestos e negociações, estabeleceram um acordo!
No dia combinado, o casalinho apresentou-se à família e logo ali largou a boa-nova do bebé. O pai do rapaz teve um ataque de tosse, que foi tranquilizar para a rua, junto à piscina. A mãe do rapaz ficou com um peso no peito, mas ao longo de umas semanas foi tentando aceitar, até porque iria ser avó pela primeira vez e a futura nora era muito agradável.
O casalinho era feliz! A mulher abriu o jogo: tinha dois filhos mais velhos: uma púbere e outro adolescente. O jovem homem ficou zangado, mas quando conheceu a prole achou-a simpática, embora tivesse ficado intimidado, pois não os separava nem uma geração.
A grávida era muito doce e todos gostavam dela! Como estava vaidosa e sabia da vida, convidou a mãe para vir dar uma ajuda com a bebé e aproveitar para viver em Portugal por um tempo. Os amigos foram convidados para vir fazer turismo e ficaram pela casa. Os tios também! Enfim, era um fora e entra e a mulher sempre agraciada - tinha muita sorte, que a vida sorria para ela!
Em momentos mais calmos, ela que não trabalhava, e quando os meninos estavam na escola, a família tinha regressado ao Brasil, o marido a trabalhar e a sogra nas compras, fazia uma visitinha, como estava acordado, ao quarto do sogro e verdadeiro pai da criança. E ele, insatisfeito com a sua prestação foi avisando para ela preparar a saída, não só lá de casa, mas da vida do filho. E deu-lhe algum capital para iniciar uma empresa que a fazia viajar pelo país. Ela aceitou, resignada - a sua situação era mais do que complicada -, e percebeu que nessa empresa tinha a oportunidade de conhecer homens endinheirados e de famílias antigas. E assim foi! Negociou um apartamento bem localizado para viver com a filha, ainda que em guarda partilhada, e prosseguiu. De início desenvolveu uma depressão que a tornou disforme, mas depois recuperou. Ainda teve uns sucessos na empresa, embora deixasse os sócios muito endividados e a COVID deu o golpe final e a cobertura à falência apoiada. Resolveu ampliar os estudos enquanto não surgia um novo projeto e, com facilidade, arranjou um namorado com algum estatuto e dinheiro: enfeitiçou-o com um estalar de dedos e agora, que já não é nova, pensa convencê-lo das benesses do casamento por outros meios! Deve ter sucesso!