Os Novos Enamoramentos

Incapazes de ser humildes, homens e mulheres não se amam mais, o mais das vezes. Podem colaborar e partilhar economias e logística, mas cada um tem a sua coqueluche animal para afetos profundos - ou partilham a mesma. 
Os animais oferecem a sua boa disposição, aceitação incondicional, obediência - vá lá um capricho ou outro -, tocam a nossa pele sem pudor, e deixam-se acariciar, não têm problemas para pensar, ou resolver, não sofrem de dores de cabeça, não amuam.... Mostram amor em cem por cento do tempo.
E não cobram. Se se fizesse o mesmo a um humano, ele ficaria com ideias de extensão das responsabilidades, a tentar mudar alguma coisa no outro, a pretender controlar o seu comportamento.
Com o animal, não é só uma relação assimétrica favorável ao humano! Na verdade, é a relação ideal para um humano: assim ele domina, controla, e o afeto é puro, só ele mesmo, sem agenda.
Há quem prefira formas humanas, talvez uma boneca japonesa em tamanho real, mas falta-lhe tudo o que é pele e emoções, só na virtual imaginação encontrará o resto. Há quem encontre pessoas em necessidade, imigrantes, empregada(o)s doméstica(o)s, pessoas em inferioridade na escala social e aí procurem a felicidade assimétrica. Mas os humanos evoluem e aprendem, e logo começam as expetativas a subir e as exigências. Só mesmo se as formas forem de boneca(o), se poderá ter alguma tolerância, casar talvez!
Agora dois humanos juntos, com iguais direitos?! Que suplício! Negociações, pontos nos ii, cuidados legais, estabelecimento de limites, ensinamentos consequenciais...etc. Será que as coisas boas compensam? Geralmente não! e é por isso que muitos projetos de relação, abortam! Fica cada um com os seus animais de estimação! E as redes sociais, o trabalho e os hobbies! Os fragmentos de família anterior. Pronto! Assim é melhor!

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