Avô

Ele sentava-se na arca medieval cheia de iguarias. A arca tinha patine. A fala dele também. Ele gostava da Dona Constança e da Dona Urraca. Eu, sentada de pernas cruzadas nas tábuas do chão coradas de anilina, via as rosáceas vivas das bochechas com os botões dos olhos no topo, os dentes a mastigar as palavras e a língua grossa a molhá-las, e entrava na história dele sem me preocupar com nada, porque era amor, do que ele falava, e eu também o amava. Avô!

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