Ora Essa, Hem, João Maria?!

Penso que não vou mais falar contigo João Maria. Sempre a depressão e a má disposição a alternar com a felicidade de estar com as tuas meninas; outras vezes,  afundas em silêncios que apenas querem dizer que andas a divertir-se à grande com tudo a que achas ter direito, e não é pouco!

A esposa, separada de ti há décadas, deixa-te morar na vivenda, independente; tens bons espaços e até animais, um cão, dois, às vezes mais uns gatos...uma oficina para os hobbies, salas específicas e um quarto quentíssimo de histórias hardcore; o quarto de banho anexo, para as ablações consequentes, e ainda, vizinhos culturalmente interessantes. E apesar do sossego da zona estás a dois pulinhos do centro qb urbano, turístico até...e não digo mais para não te comprometer, mas só acrescentar as boas vistas para o rio e Lisboa ao longe, e as passeatas na lagoa, na cascata, na barragem e sempre as meninas como suplemento afetivo quando faltar a namorada com casa de férias, no Meco ou em Meca e uma santa, um delírio de inteligência e sensibilidade, mas que ousa o  aborrecimento de ter problemas na vida, ou da outra de que não gostavas de pormenores e enfim!.. Às vezes até toleras umas Bonnies bandidas que te abusam, mas te mostram realidades alternativas, em particular as da society, o que te te comove! Mas sem confessares a ti mesmo os porquês, fazes de conta que é pela aventura, mas depois deixa-las ou elas a ti e também é pelo mesmo motivo da atração. Tem lógica!

E eu vou tentando um lugar no teu rol de amizades, mas fazes-te caro e o preço, digo-te, está inflacionado como o teu ego, e as dores que não podes suportar que os outros tenham, são afinal as tuas, coitado, sempre, que a vida não te deu mais ainda, que o que tens não te chega! Como és exigente com a vida, homem! Diria que tens tudo! Menos um trabalho de que tu gostes, mas foi a opção que fizeste e tens a sorte de, com relatórios frequentes, escapares-lhe a maior parte do tempo. Tempo em que vives com normalidade, criando, passeando, namorando, sendo um pai babado e recebendo o mimo da última que mantém no registo que és seu marido, sei lá porquê, julgo que para não te magoar, a ti sempre tão dorido, quando não estás em rejúbilo. Sei que parece que te critico, mas é o resultado do entendimento que tenho da situação e destes anos a acompanhá-la ao longe, quase forçando, para saber se estás bem e se precisas de ajuda! Mas posso estar completamente errado! A mesma intuição que me disse para não te largar, diz-me agora que o fim da boa vontade, chegou! Vai-te, literalmente, catar!

Do teu ex-amigo, Martins Medeiros.

Texto ficcional.

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