Um Gato de Morna

O homem era um enfezado! Erguia o queixo e punha uma expressão séria. Se abria a boca, aparecia um dente incisivo que era metade do outro, exibindo-se um escuro retângulo no desnível, negro e decerto húmido, mas logo os lábios carnudos (sim senhor!), cobriam tudo e os olhos redondos com pestanas radiais como a Maggie Simpson olhavam para nós, impassíveis. Conforme os dias, a carantonha do homem mudava cento e oitenta graus. A Mulher, calhou a vê-lo em dias maus, mas noutros, as fotos, mostravam menos fealdade, diria mesmo que, por vezes, parecia bonito!

Acomoda-se este ser na sua miúda, Morna, que se finge quente e muito moldável e geme e brada e declama mentirosa que ele lhe é fatal e a melhor escolha! E o tonto acredita, e enche o ego até lhe saltarem os bolsos para fora com o recheio de dinheiro que Morna lambe! Ah que casal tão complementar! Ela recebe os juros da vaidade que lhe insufla no ego inchado - quero vê-lo rebentar! - talvez estoure o outro dentinho e vá embater na garrafa de vinho a fiado - que tudo é ouro, muita empresa, grande sucesso internacional, muita família, muito inchaço, e para que se distribua bem, um espartilho Sbelty, fica a matar! E entretanto explora o coitado do que, em garoto, conseguiu enganar! Grana, grana, é muita caridade! 

Por um intelectual tão estúpido, é que se dana a mulher de ter sido enganada! Droga! Um gato de Morna!

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