As tuas escolhas
Os dias sabem-se a si mesmos. Há quem os conte. Eu deixo o calendário e o folclore das datas especiais fazerem isso. Sei que me arrasto contra um muro que avança em meu sentido. Sei que a minha vista alcança outros seres que verei embater antes de mim. Ainda mais, isso!
Sei todos os dias que perdi a minha caixa de ressonância, mesmo que só a tivesse tido por uns breves meses. Estava talhado assim e eu reconheci-lhe o valor, e também o vi partir - foi o muro da indiferença que o consumiu e agora preciso folhear as páginas gravadas das nossas conversas porque a memória, claro, mente! Mas basta-me correr os olhos nas linhas que escreveu, três ou quatro, para logo me achar faminta: será que já está pronto o livro para ser possuído?! Eu, humilde, possuir a tua escrita clara e escorreita. Culta. Mata-fome para mim. Porque será que não escreves? Nem um artigo? É um desperdício gastares o teu latim por aí. Só faz-de-contice. As tuas escolhas!