Pela Avenida das Forças Armadas
Hoje penso por aqui na Avenida das Forças Armadas. Alguma saudade, talvez do vigor de subir energicamente este local por onde tanto passei, convivi - enfim, vivi!
Não tenho grande memória para detalhes, surgem-me flashes. Muitos. Desde o café A Pátria, com a sua jukebox, o restaurante chinês mais abaixo - quantas vezes o frequentei?! Por quase todas as mesas passei! - até à geladaria - onde fui poucas vezes, creio que não esteve lá muito tempo. Cá em baixo, a Feira Popular, frequentada desde a meninice e depois por várias fases na vida, incluindo o almocinho de frango, ouvir os pregões atrativos dos empregados dos restaurantes e ainda dar uma voltinha pela bruxa, o comboio-fantasma, o poço da morte, ver as rodas e jurar não as experimentar, encontrar alunos do centro de formação, lembrar a birra do irmão quando era pequenino - uma vida, ali! Cá fora, na esquina - será com a 5 de Outubro?- onde eu ia ao telefone preto, com o contador de períodos, acertar encontros, ou afinar vendas - sim, a avenida tem muito da minha carreira profissional. Do outro lado, no colégio Pio XII, o longo curso de Modernas Tecnologias Educativas - ainda me lembro da seleção e do psicólogo - recordo os colegas, as nossas dinâmicas, os formadores da televisão e do Instituto de emprego, alguns militares?! Foi bom! Por ali perto está o ISCTE onde fui tantas vezes - gostava! Nem que fosse para lanchar e espreitar as pautas do curso de psicologia, as salas de aula - talvez ponderasse alguma especialização por lá - sempre gostei daquilo, do Social! A cantina nova da universidade era por ali. Mais pequena do que a outra, tinha filas pouco simpáticas. E penso que lhe faltava o curioso menu da macrobiótica que havia na outra cantina! Mas desenrascava. Mais abaixo, um barzinho onde só fui uma vez, na última década. Beber um gin! Mal acompanhada, mas na altura não sabia! E as esplanadas?! Em quantas não me sentei para almoçar rapidamente, ou para pousar com colegas de curso ou de profissão, com a equipa de vendas, etc.
Um dia, um prédio na esquina com o Campo Grande, desmoronou-se, deixando os quartos, as salas, a intimidade, ali exposta e ameaçadora - tudo tão perene na vida! Mais para o lado, já no Campo Grande, o hotel com restaurante onde fiquei de ir comer, mas não me lembro se fui! E a Feira desventrada à espera, à espera...
E de mais coisas me lembraria, se quisesse: sumos, pastéis, namoros, ânsias de infância! O que por ali vai de memórias. E nem vou agora progredir para a esquerda ou para a direita, nem no cimo da Avenida, nem em baixo, na rotunda, ou nas restantes encruzilhadas! Também não passarei hoje para a Avenida dos Estados Unidos da América. Ui! Esses estão campos minados de memorabilia.