Zimba
- Que frio, Zimba! - diz ela. - Protege-te aqui debaixo - cuida ele. Ao bafo da tarde segue-se uma surpresa gélida no ar. Chuvisca. Os dois, sob o espesso sobretudo, saem da casinha coberta com hera. Dão uma corrida. - Amanhã... - hesita ela. - Sim querida, amanhã vou-te levar a Lisboa. - Mas, não é cansativo para ti?! E além disso tens os compradores a visitar a casa. - Mudei a data. Não te preocupes. Não se preocupava! Os seios arfavam. Já dentro do carro, ela chorava em silêncio; os pingos de chuva a modelar-lhe o rosto. Ele a conduzir; o olhar focado na estrada. Ela revezava-o no regresso. Nas suas mãos, o Ford seguia a estrada ondulante como um zombie. A comida soubera-lhe mal, um sabor a metal na língua concorrera com a caldeirada de peixe do rio. Regressados a casa, subiram para o quarto, que se mantinha sem porta ou parede, no andar de cima. A pintura amadora das paredes, feita pelo homem, era naif talvez, com espirais de desenhos populares, e a decoração incluía xailes so...