Regresso

Ela regressou. Voltou a si! Sabem daquele palpitar dentro?! Ela sentiu-o! Da vontade de cantarolar Dido? Foi o sinal! A sede que matou com água límpida tornou-a fresca e saborosa. Deu-lhe vontade de dançar. Adivinhou-se feliz quando o coração descompassou e o corpo falou de baixo a cima. Escutou-os. Depois devolveu ao redor um olhar casual. As trepadeiras pendulares filtravam os raios angulosos do sol e os mosquitos da tarde, azafamados, zuniam em nuvem. Viu-os. As flores dos canteiros próximos ao riacho puseram-se a fazer gracinhas sedutoras, quando ela as olhou. Púrpura, violeta, magenta salpicaram o verdão da folhagem... As cascatas pequenas desfiaram o tempo quando as olhou, até os fios de água moldarem o corpo dela e pingarem pelos cabelos, dedos e seios. Nas árvores próximas a fruta madura espera, resiste à gravidade e reserva o néctar pintado de cores namoradeiras para o seu palato. Deitada à superfície, sente as vagas que lhe embalam o corpo negligente e nu, em contorno pleno.  Suaves deslocamentos de músculos e pele acontecem-lhe e um céu esparramado em drama de pôr-do-sol, faz-se admirar! Deixemo-la assim!

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