Desmarginada - Série Mariana
Sabes Mariana, há quem tenha, como os rios, margens bem delimitadas e curtas, e flua, geralmente, em vales abruptos; outros marginam consoante o caudal ou o humor do terreno, mais ou menos jovial ou carrancudo. E nas nascentes e olhos de água, os primeiros fios que irão juntar-se depois, podem por enquanto desenhar regos consoante a vontade de brotar que os anima! Nem se vê como margina esta origem, toda ela é difusão e tensão liberta e só depois a gravidade e o relevo combinam o trajeto a dar-lhe, sem ter em consideração qualquer vontade, por certo imatura, do broto. É assim que sou às vezes, como um começo continuo (serás tu?!): vibrante e criadora, sou desmarginada! E noutras, espraio conversas imensas por deltas improváveis, e aí sou ainda, desmarginada! Mas há os que, bem delimitados e em curso estreito, se atiram sofregamente ao mar! Eu não! E tu, Mariana? É no percurso mais longo, quotidiano, funcional, que definimos a tolerância de limites entre nós e os outros, assertivam...